terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Esperança




Por Mariah Bressani

Conta a Mitologia Grega, que os deuses criaram uma mulher chamada Pandora. Ela era a mulher ideal, pois possuía dons doados pelos deuses do Olimpo (como por exemplo, a beleza e a argúcia) para, justamente, fazer o ser humano se perder. Era um castigo de Zeus, deus dos deuses. 
Pandora trouxe consigo uma caixa de presente para os seres humanos, que jamais deveria ser aberta; porém, era também de sua natureza a curiosidade, então, ela abriu a tal caixa deixando escapar todos os males da humanidade. Quando percebeu o que estava acontecendo fechou-a rapidamente, mantendo dentro dela apenas a Esperança.


Assim, desde então, o ser humano traz dentro de si a esperança e precisa dela para viver, bem como da criatividade.
A cada momento, precisamos encontrar soluções criativas para as mais diversas situações que vivemos; porém, só temos condições de usar o máximo de nossa criatividade quando temos acesso à esperança dentro de nós. Por isto, a esperança é ingrediente fundamental para o desenvolvimento da vida do ser humano.
Nós vivemos, lutamos criativamente pela sobrevivência e procuramos sempre nos aprimorar como ser humano e indivíduo que somos, porque temos a esperança em nosso interior, sempre presente.
Quanto maior o nível de esperança, mais enfrentamos e superamos, com disposição e boa vontade, os obstáculos que a Vida se nos apresenta.

A esperança nos permite olhar a Vida sob elevada perspectiva. Como se sob a égide da esperança, diante de qualquer situação, subíssemos no alto de uma montanha e alcançássemos uma visão ampla de um vasto horizonte, muito maior do que aquele que divisamos em nosso pequeno mundo egóico.
A esperança, então, amplia nossos horizontes; como também amplia o campo de atuação em nossa própria Vida, pois não aceitamos passivamente as restrições: queremos nos experimentar e nos explorar e aos nossos potenciais.

Então, assim, a esperança nos dá certa voracidade pela Vida. Ela nos faz romper barreiras, pois precisamos de mais espaço para viver. E preenchemos estes espaços conquistados com nossos potenciais.
E como a esperança não aceita rotina, mesmismo e nem monotonia, ela nos impulsiona para viver o mais completa e intensamente possível nossa própria vida. Ela nos proporciona ardor e entusiasmo pela Vida e, então, assim, nos propomos metas e as perseguimos alegremente. Para tanto, é vital que nos sintamos e nos coloquemos “presentes” em nossa própria vida.

A esperança sempre nos coloca numa determinada posição diante da Vida que nos permite olhar pelo melhor ângulo; e entendemos assim que nada é em vão, pois tudo tem uma razão superior de ser e de existir.
Da mesma forma que “sabemos” que como qualquer Vida não é em vão, a nossa também não o é. Com a esperança, “sabemos” que a nossa própria existência tem uma razão de ser – mesmo que ainda não saibamos qual seja.


Conseguimos perceber o bem e o belo da existência terrena. Conseguimos compreender o significado do porquê vivemos o que vivemos. E, então, apostamos na Vida, cheios de esperança! E relaxamos!
E, então, instigados e inspirados de esperança, vivendo e explorando a Vida, apostamos em nós mesmos e em tudo que acreditamos importante, mesmo com todos os tropeços e equívocos que possamos ter no decorrer de nossa vida. O hoje é, sempre e novamente, mais uma oportunidade para vivermos a Vida, para explorar nossos potenciais.
Saímos da pressão que estamos vivendo no momento, externa e/ou interna, e fluímos com a Vida, tendo como “onda” a esperança. E assim, a esperança nos ajuda no exercício de auto-superação.

Graças à esperança que compreendemos a transitoriedade da Vida. E nos encantamos com a Vida, justamente por sua transitoriedade. E não nos enroscamos no pequeno e no insignificante da Vida, pois “sabemos” que vai passar.
Tudo passa! Tudo faz parte da Vida! Assim, aceitamos e vivenciamos a transitoriedade da Vida como caminho natural para a evolução, transformação e transcendência, pois ela – a esperança – nos tira do entorpecimento e do automatismo, que naturalmente, talvez, nos colocássemos.

E, deste modo, a esperança precisa andar de mãos dadas com a paciência, pois a Vida aqui no planeta Terra – baseada na matéria – tem um ritmo diferente da do espírito. Quando plantamos uma semente temos que ter paciência – dar tempo ao tempo – para que ela brote, transforme-se em árvore e então floresça.
Assim, a esperança, de que aquela semente possa se transformar em árvore e nos dar seus frutos, nos faz plantá-la. E é a paciência que nos dá calma e perseverança para esperar (esperança!) o tempo necessário para que nossos projetos frutifiquem.

A esperança também precisa se aliar à disciplina.
Qualquer projeto é fruto da criatividade, da paciência e da esperança, porém, sem disciplina – aplicação sistemática em sua realização – ele não se desenvolve e não se realiza.
Deste modo, detentores da esperança, criatividade, paciência e disciplina, seguimos nossa jornada, realizando nossos sonhos, transformando-os em projetos.


Neste caminhar pela Vida, também sentimo-nos protegidos por Deus, pelo Cosmos, pelo Universo, pelo anjo da guarda ou qualquer energia maior que possamos crer, quando trazemos a esperança em nosso coração. Então, “sabemos” que podemos contar com a “providencia divina”, pois não nos encontramos sós e desamparados.
Ouvimos uma voz em nosso interior, que nos estimula positiva e construtivamente. Acalentamo-la em nossos pensamentos, sentimentos e emoções construtivas. Nosso corpo vibra numa frequência positiva e assim emanamos o Bem. Nossos pensamentos se retroalimentam com bons pensamentos. 
Nossa imaginação constrói imagens leves, com cores suaves e vibrantes, sempre nos mostrando as boas perspectivas das situações que vivemos.

Quando não conseguimos acessar a esperança em nosso interior o resultado é a desesperança, com todo o tipo de neurose e, em casos mais graves, as psicoses. E, assim, nos encolhemos e nos restringimos para a Vida. E, então, a Vida perde o sentido: sem razão para se viver ou fazer qualquer coisa. A desesperança gera desolação e esterilidade em nossa vida, propiciando-nos sentimentos persecutórios e desiludidos e carrega nossa imaginação com imagens escuras e pesadas.
E a esperança, ao contrário, nos faz vislumbrar a Vida numa ordem e com um sentido mais elevado. E o seu exercício se faz necessário para nos libertar de qualquer prisão auto imposta.

A esperança é fruto da consciência do “fazer parte” e do sentir-se em comunhão com o universo. Fazemos parte de uma grande corrente. Sim, somos o elo de uma corrente, que se chama Vida. Afinal, somos todos um! E ao nos permitir sentir assim, ela nos faz generosos e dadivosos – conosco e com o outro.
Aprendemos a nos ouvir e ao outro e também às nossas e às suas necessidades mais essenciais.
Aprendemos a olhar o melhor lado: o nosso e o do outro.

Também somos mais compassivos e benevolentes conosco mesmos – com nossas limitações, bem como, com os outros e suas limitações –, sem sermos condescendentes.
E, deste modo, colaboramos para que a resolução de toda e qualquer situação ocorra para o nosso bem e para o bem do outro também.

Com a esperança construímos a nossa realidade de forma a nos ajudar a crescer. Ela não nos permite ficar estagnados ou presos em qualquer situação na vida. A esperança facilita o desapego, pois sempre acreditamos que ali, a mais um passo, teremos mais... uma nova oportunidade... e então acreditamos na Vida.

A esperança nos dá sentido e propósito para a Vida e, assim, nos faz seguir adiante. Permitimos que tudo o que vivemos passe por nós e, então, continuamos a nossa caminhada pela Vida afora, seguindo a nossa jornada. E, principalmente, a esperança nos permite – a cada momento – vivenciar plenamente o Amor pela Vida.


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imagem:Google e freepik

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