segunda-feira, 16 de setembro de 2013

PARALELOS ENTRE OS PROCESSOS DA PSICOLOGIA JUNGUIANA E DE COACHING






 Por Mariah Bressani

 Desde os primórdios, o ser humano vem se desenvolvendo em todos os níveis – intelectual, emocional, técnico e psicológico –, afetando suas relações e sua produção e tornando-as cada vez mais complexas.
A cada passo que o ser humano dá em seu desenvolvimento, são necessários novos aparatos que lhes dê suporte e permitam continuar. Novas ferramentas e tecnologias foram sendo produzidas ao longo de sua história, sustentando seu aperfeiçoamento técnico. Como também nasceram os pensamentos míticos e seus deuses, depois surgiram, ainda na antiguidade, a criação da filosofia e, há pouco mais de um século, da psicologia, e, atualmente, o coaching coloca-se, num crescente, como força propulsora para auxiliar as pessoas nos crescimentos e aperfeiçoamentos individuais e humanos.
Ao examinar alguns conceitos básicos das técnicas da psicologia junguiana e do coaching, fazendo um levantamento de alguns de seus aspectos relevantes e um paralelo entre seus processos, é possível detectar alguns pontos em comum e outros, diametralmente opostos. A questão a ser discutida neste artigo é a possibilidade de articulá-las e harmonizá-las satisfatoriamente e trazer excelentes e melhores resultados para pacientes da psicologia e clientes de coaching.
Jung trouxe-nos vários e novos conceitos e percepções inovadores com relação ao aparelho psíquico humano, num caminho aberto corajosamente por Freud, tornando-se, tradicionalmente, uma técnica para o desenvolvimento da autoconsciência do ser humano.
Segundo ele, tendo como base a compreensão do funcionamento e dinâmica das instâncias do aparelho psíquico do ser humano, o psicoterapeuta deve receber seu paciente, tendo como objetivo principal ajudá-lo na resolução dos conflitos psicológicos que o trazem à psicoterapia, promovendo recuperação e cura de sua saúde psíquica.
Seguindo sua orientação, o foco do processo da psicoterapia deve ser na reeducação e transformação da pessoa. A partir da reorganização de sua psique ocorre maior conscientização, ou seja, amplia sua consciência sobre si mesma e, como consequência, há desenvolvimento de atitudes mais sadias e aptas para viver sua vida e, assim, ela pode colocar-se em harmonia na sociedade e, principalmente, consigo mesma.
O coaching, como a psicoterapia junguiana, é um processo, porém, moderno, que também pretende reeducar e transformar a pessoa, trazendo-lhe maior conscientização de seu modus operandi, para que também possa desenvolver atitudes mais sadias, assertivas, aptas e adaptativas para viver sua vida e, consequentemente, atingir seu objetivo proposto.
É observando onde se está e onde se quer chegar, em determinado aspecto de sua vida, que o cliente estabelece seu objetivo e, passo a passo, auxiliado pelo profissional, segue em sua direção. Assim, o cenário do processo de coaching é o presente do cliente, voltando-se e direcionando-se para o seu futuro, para o seu objetivo pretendido.
A diferença – essencial e significativa – no ponto de partida dos dois processos é o foco. Enquanto a psicoterapia junguiana focaliza na resolução de conflitos psicológicos do paciente, o coaching foca no atingimento do estado desejado do cliente.
Segundo o psicólogo, no processo de psicoterapia, para ter acesso à parte inconsciente de sua psique e conseguir a resolução do conflito psicológico, o psicoterapeuta deve estimular o paciente à introspecção, de modo a conhecer às suas qualidades psíquicas ali retidas, bem como, à sua dinâmica e interação; isto é, como tais elementos psíquicos estão interligados no recesso da inconsciência do paciente, gerando seus padrões comportamentais inadequados.
Como também se faz necessário no processo de coaching o exercício de reflexão, para que o cliente reavalie seus padrões de crenças, de valores e de comportamentos com foco na realização de seu objetivo almejado.
Para Jung, a psicoterapia é um mergulho profundo e subjetivo, onde devem ser trabalhadas as diversas nuances (camadas) de um conflito psíquico; sendo, assim, um trabalho árduo e gradativo, que demanda tempo indeterminado para se alcançar a resolução do conflito psicológico e, consequentemente, a cura.
O coaching, ao contrário, é um processo pragmático, pois foca no que é objetivamente dado pela realidade concreta e trabalha as questões dos níveis neurológicos – ambiente, comportamento, capacidades e habilidades, crenças e valores, identidade, afiliação e legado – que envolvem as ações do cliente, para que ele possa atingir o seu estado desejado; e, assim, divergindo e não considerando necessário o mergulho psicológico profundo, proposto por Jung. Para o coaching, o trabalho e o resultado do seu processo devem trazer satisfação e segurança pessoais suficientes para mudar aqueles padrões, que anteriormente eram inadequados e ineficazes.
Diferentemente da psicoterapia junguiana, no processo de coaching, é necessário que se estabeleça um prazo, com previsão de uma data específica, para que o cliente alcance seu objetivo. Igualmente à psicoterapia junguiana, o desenrolar do processo de coaching também deve ocorrer com encontros periódicos e sistemáticos entre profissional e cliente. Entretanto, na primeira, a proposta é dar assistência à evolução da resolução e cura do conflito psíquico, enquanto que no segundo, a proposta é acompanhar e auxiliar o cliente no avanço gradual em direção ao atingimento de seu objetivo.



Artigo completo no livro "Master Coaches", Editora Ser Mais.




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